quinta-feira, 25 de março de 2010

10 dias de Marcha das Mulheres

Hoje completam sete dias que 2.000 mulheres de todos os cantos do país colocaram os pés na estrada com a palavra de ordem: Seguiremos em luta até que todas sejamos livres!

É a 3ª Ação Internacional protagonizada pela Marcha Mundial de Mulheres numa grande marcha de campinas até São Paulo para comemoração dos 100 anos do 8 de março. Somaram-se também várias organizações que debatem e entendem a importância da luta feminista na construção de uma nova sociedade. No caminho vão estudando, debatendo e divulgando os temas: autonomia econômica das mulheres, bens comuns e serviços públicos, paz e desmilitarização e violência contra a mulher.

A marcha começou no dia 08 de março com muitas dificuldades. No início, algumas mulheres não entendiam a necessidade de andar em fileira, não entendiam quando a comida demorava a chegar, a distribuição da água era tumultuada, dificuldade de referência política, visto que vieram muitos grupos de movimentos sociais locais e nacionais de construções políticas muito diversas.

Já no terceiro dia, podemos ver no todo da marcha como a transformação na postura de cada uma vai impulsionando a caminhada para frente. As fileiras são organizadas naturalmente e mantidas com a ajuda da equipe de segurança, a equipe da água já consegue prever a quantidade necessária e mantém um ritmo de distribuição dentro do tempo necessário para aliviar o cansaço e ao final de cada percurso um descanso seguido da comida feita por um coletivo de mulheres que começam o trabalho a 1h da madrugada.

Depois do almoço e do descanso, todos os dias são mantidos espaços de formação com as marchantes dentro dos temas centrais da marcha e assim a cada situação as equipes vão tentando solucionar coletivamente e a marcha segue seus passos e a cada passo um aprendizado.

Nós da Assembléia Popular nos somamos a esta ação entendendo sua importância na luta das mulheres dentro do Projeto Popular para o Brasil. Estamos presentes com mulheres de vários estados.

O relato das companheiras que estão participando é que em todas essas dificuldades reside a beleza e a importância desta marcha, porque ali estão as mulheres da classe trabalhadora com origens completamente diversas, vindas de organizações e setores que sofreram os abalos na formação que identificamos no todo da esquerda, ali elas estão passando por um processo intenso de formação e de prática que uma marcha como essa é capaz de produzir.

Além de contribuir politicamente nos debates e no conteúdo da marcha, estamos envolvidas em todas as comissões, tarefas e espaços de direção, também temos aprendido bastante no exercício de construção em meio a tantas organizações, no enfrentamento dos problemas, no exercício da direção coletiva. Na experiência do contato entre tantas mulheres, tantas lutadoras do povo.

Essa experiência será para nós o grande acúmulo para pensar os desafios da organização das mulheres trabalhadoras com realidades tão diversas e a nossa organização interna enquanto mulheres feministas.

No final de semana chegaram mais 500 mulheres, pelo menos, e algumas que não puderam se liberar do trabalho tem se esforçado para marchar pelo menos um dia. Portanto, os cálculos são que, ao final, tenha passado pela marcha mais de 3.000 mulheres.

Na quinta feira dia, 18 de março, ás 16 horas, depois de uma caminhada de dez dias, mais de 100 quilômetros, a marcha chega a São Paulo. O ponto de chegada e o ato público de encerramento será na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu.

Convidamos toda nossa militância a se organizar e estar presente nesta chegada. Devemos recepcionar e saudar as companheiras pelo esforço empenhado, pelo desafio vencido em mais essa ação de luta na pedagogia do exemplo.

Diva Braga é artista plástica e faz parte da Consulta Popular

Nenhum comentário: